PARA PENSAR...

Se a atualização sempre é necessária para todo profissional, é mais ainda no caso dos professores latino-americanos de hoje. (Lerner)
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segunda-feira, janeiro 12

Práticas às Estratégias de Leitura

Podemos dizer que temos que transformar a escola em um bem necessário aos alunos, e como já dizia Lerner (2008:18), o necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que produzem seus próprios textos para mostrar suas idéias. Não podemos esquecer que, para que essa concepção de necessário seja validada, precisamos incitar à prática da leitura, empreendendo ações valiosas a fim de se formar uma comunidade de leitores e escritores possibilitando uma formação de cidadãos da cultura escrita.

Possibilitar aos alunos a interação com o mundo escrito e letrado fará com que ele se aproxime de uma ação cidadã mais completa e consciente.
Quanto aos educadores, Lerner deixa claro que devemos oferecer a partilha da leitura com outros, atrever-se a ler textos difíceis, recomendar livros, contrastar informações provenientes de diversas fontes sobre um tema de interesse, planejar e escrever para cumprir diversos propósitos e, são ações que não podem ficar escondidas, guardadas apenas ao saber do professor.
Esses objetos de ensino são construções entre o professor e o aluno e devem ser selecionados, pois, sabemos que é impossível ensinarmos tudo. Para tanto, é imprescindível separarmos por um contexto inerente à realidade da comunidade.

Lerner cita duas atividades que todo leitor vive na prática social:
1. escolher o que, como, onde e quando lê;
2. atrever-se a ler textos difíceis.
Essas duas e, principalmente a primeira atividade são extremamente complicadas se colocarmos uma questão importante: ensinar a leitura é um ato obrigatório dentro da escola. É por esse motivo que a escola enfrenta seus problemas e tem que driblar a questão de como o ensino da leitura pode ser prazeroso mesmo sendo obrigatório.
Uma primeira sugestão é trabalharmos com atividades que tenham sentido ao aluno, ou seja, que possam ser compreendidas por ele, que possam fazer parte do real, assim, a leitura se tornará relevante. Nesse mesmo contexto, Lerner (2008:66), completa: “(...) é necessário advertir que a escola não pode limitar-se a reproduzir as práticas tal como são fora dela.”

Oferecer aos alunos a oportunidade de ler é uma questão indiscutível, contudo, não se pode menosprezar a capacidade leitora de cada um. Se a oferta for apenas de textos simples e de fácil interpretação, estaremos contribuindo para que os mesmos dominem esse tipo de texto, não mais que isso. É importante que na seleção dos textos, realizada prioritariamente no planejamento da turma, o professor diversifique o grau de dificuldades da leitura. Desde que sejam próprios para a idade, colocar à disposição textos primeiramente fáceis e logo alternar com os mais difíceis é uma boa prática de trabalho com a leitura. Essa prática levará o aluno a várias reflexões, dando a oportunidade de analisar e criticar aquilo que lê.

Existem três finalidades fundamentais e distintas no campo literário.

1. Ler por prazer – o professor tem que mostrar ao aluno que existe aquela leitura que fazemos por simples prazer, porque gostamos, e não porque nos é exigido. Essa leitura não deve ser acompanhada de pedidos de resumos ou qualquer outra atividade didática. Se for por prazer, não há sentido em pedir tarefas, apenas troca de idéias em nível de sugestões e experiências.
Existem diversas maneiras de ensinar a leitura por prazer aos alunos, uma delas são os projetos que não podem fugir desse mesmo propósito, bem como as atividades permanentes de leitura que têm como foco a apreciação e a freqüência constante ao mesmo gênero. Dessa maneira é possível que se desenvolva o comportamento leitor, levando-os a tornarem leitores autônomos ao buscar nas páginas dos livros, momentos de curtição.

2. Ler para estudar – Por ser uma leitura menos atraente, porém essencial na vida de qualquer pessoa, torna-se a mais difícil para orientar e ensinar os alunos, e sem dúvida, é o mais cobrado pelos professores. Ler para estudar é uma habilidade fundamental para toda a vida, ela não se limita apenas dentro da sala de aula, muito pelo contrário, é bastante utilizada fora dela também. Portanto, o professor tem de utilizar estratégias para que essa leitura faça sentido. Levar os alunos a compreenderem os textos científicos, informativos, localizar informações sobre um assunto específico é essencial para criar situações coerentes com a realidade.
Nesse momento faz sentido pedir resumos, esquemas e outros escritos para facilitar o entendimento, porém, nunca descontextualizar com a vida e o dia-a-dia dos alunos. As descobertas começam a acontecer quando os alunos tiverem dúvidas e perguntas e vão atrás de respostas, o que está muito além apenas dos cadernos.
As pesquisas fazem parte desse mundo de informações e descobertas, mas assim como a leitura, o professor tem que ensinar os procedimentos para que ela funcione, ou seja, para que o aluno entenda perfeitamente a função de uma pesquisa e como fazer, afinal, ninguém aprende se não for ensinado. Utilizar-se de leituras compartilhadas pode ajudar muito, uma vez que as idéias e compreensões serão discutidas entre os grupos. Nesse momento, é importante também que o professor deixe o grupo caminhar “sozinho”, por alguns momentos, uma vez que um dos objetivos é o de formar leitores autônomos.

3. Ler para se informar – Esse é um momento para que os alunos troquem idéias e informações sobre o que está acontecendo no mundo sem que haja formalidade. As buscas podem ocorrer tanto por conta própria, quanto por sugestão do professor. De primeiro momento, pode direcionar a leitura sobre seu ídolo em uma revista ou jornal, logo, oferecer outros textos mais complexos, porém, não menos contextualizados com a vida dos alunos. E assim, a leitura deixa de ser mecânica e sem sentido e passa a ser descontraída e dinâmica.
O jornal ou a revista faz com que o aluno seja capaz de entender uma linguagem rápida e concisa, acompanhada de símbolos, gráficos, fotografias e ilustrações, e dessa maneira acaba por aproximá-los do mundo e seu dia-a-dia, formando leitores críticos capazes de opinar sobre um assunto diante da realidade.
Todavia, por mais que os alunos tenham que aprender a ser autônomo em suas escolhas é importante ressaltar que antes de mais nada, cabe ao professor, estar sempre bem informado com os acontecimentos do mundo e ensinar os procedimentos para a leitura de um jornal ou revista a fim de saberem procurar o que mais for de interessante para o momento e o que trará de benefícios à sua aprendizagem.




Para saber mais: KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura Teoria e prática. Campinas. Editora Pontes, 1993

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura – Porto Alegre. Artmed, 1998


Estratégias de leitura

Ler é estar em contato com o outro. Sabemos que há uma diferença entre ver, ouvir e escutar. Ler não é apenas passar os olhos por algo escrito, não é fazer uma versão oral de um escrito e muito menos apenas codificar e decodificar palavras. É antes de tudo construir sentidos para o que se lê e para que isso aconteça, é preciso considerar os conhecimentos prévios do leitor sobre o assunto a ser lido. Ler, mais do que tudo, é questionar o mundo e a si mesmo, é conhecer, interpretar, decifrar.

A leitura é um desafio que tem como objetivo o trabalho de linguagem que leva o aluno a observar, perceber, descobrir e refletir sobre o mundo, a interagir com seu semelhante através do uso funcional de linguagens. A leitura do mundo precede a leitura da palavra. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente, e para que essa leitura aconteça, não podemos esquecer das estratégias – conscientes e inconscientes - que usamos para que ela aconteça e que mostraremos algumas delas.

Quando falamos em estratégias de leitura, estamos nos referindo a atos necessários para realizar uma leitura eficaz. São operações regulares para abordar o texto.
Kleiman (1993) afirma que as estratégias do leitor são operações classificadas em:

· Cognitivas – operações inconscientes, ou seja, o leitor ainda não chegou ao nível consciente realizado para atingir alguns objetivos perante a leitura.

· Metacognitivas – operações realizadas com algum objetivo em mente, com controle do consciente, sendo capazes de explicar nossas ações.
Tem-se na leitura um processo que interage o leitor com o texto, no qual, tenta-se satisfazer os objetivos da leitura, obtendo informações para alcançar alguma finalidade.

A compreensão da leitura é feita mediante a linguagem escrita, pois esta compreensão traz ao leitor suas perspectivas e conhecimentos prévios, permitindo manejar as habilidades de decodificação, tendo assim um planejamento dos objetivos da leitura principalmente quando se trata de ensinar as crianças a lerem e a compreenderem o que é lido. Temos que nos envolver em um processo contínuo de leitura, proporcionando experiências que trazemos em nossa bagagem, pois quanto mais se lê, mais se expressa com clareza e compreende o que é lido.
Aprender a ler e escrever envolve o compreender da natureza do sistema de escrita e isso é um dos desafios que a escola enfrenta, ao fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente e a compreender o que leram, pois isso facilita a autonomia de como agir em sociedade provocando uma desvantagem nas pessoas que ainda não conseguem realizar essa aprendizagem.

Considero que o problema do ensino da leitura na escola não se situa no nível do método, mas na própria conceitualização do que é a leitura, da forma em que é avaliada pelas equipes de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos meios que se arbitram para favorecê-la e, naturalmente, das propostas metodológicas que se adotam para ensiná-la. Sole (1998:33)

Ainda que hoje se saiba que a leitura e a escrita aparecem como objetivos na Educação Fundamental, esperando que os alunos possam ao final dessa etapa ler e compreender textos adequados para a sua idade de forma autônoma e que possam exprimir suas próprias opiniões sobre o que leram, no entanto é essencial que nesse período as crianças aprendam a utilizar a leitura com fins de informação e aprendizagem.

Segundo Kleiman (1993), o leitor, quando aprende a usar de suas estratégias e se torna um leitor proficiente, ele faz escolhas baseando-se em predições apoiadas no conhecimento prévio, para tanto, é necessário que os programas de leitura permita ao aluno entrar em contato com um universo textual (letramento), para que assim, seja atribuído um sentido real à aprendizagem.

Sole (1998), acredita que para uma pessoa se envolver em qualquer atividade de leitura, é necessário que ela sinta que é capaz de ler, de compreender o texto, tanto de forma autônoma, como apoiada em leitores mais experientes. Ela enfatiza a leitura de verdade, aquela que nos torna capazes de, pela motivação, ler, reler e parar para saborear a leitura ou apenas refleti-la. E completa dizendo que o ensino de estratégias de compreensão contribui para dotar os alunos dos recursos necessários para aprender a aprender.

Existem algumas definições que regem essas estratégias. São elas: objetivo da leitura, atualização de conhecimento prévio, previsão, inferência e resumo. Contudo, poderemos verificar que essas definições são passíveis de trocas, e outras estarão presentes antes, durante e depois da leitura. Vejamos em seguida o que acontece quando lemos.

Temos a estratégia de seleção, que permite que o leitor se atenha apenas aos índices úteis, desprezando os irrelevantes. Ao ler, fazemos isso o tempo todo, pois o nosso cérebro sabe o que nos interessa ou não. Já na estratégia de antecipação, tornamos possível prever o que ainda está por vir, com base em informações explícitas e em suposições, antecipando, muitas vezes, o significado das palavras ou texto.

Contamos com a estratégia de inferência que permite captar o que não está dito no texto de forma explícita. A inferência é aquilo que lemos sem que esteja escrito. Podemos dizer que são adivinhações baseadas em pistas dadas pelo próprio texto ou segundo os conhecimentos que o leitor possui. E logo temos a estratégia de verificação que torna possível o controle da validade ou não das demais estratégias, permitindo confirmar, ou não, as especulações realizadas. A partir dessa linha de pensamento, temos uma idéia principal, que é a concepção que o professor tem sobre a leitura, o que ele fará para que seus alunos compreendam a importância da mesma. Para tanto ele, como peça chave, terá que estar motivado para aprender e ensinar os alunos a lerem e, além do que, ter em mente a distinção entre duas situações de leitura: a que se trabalha a leitura e a que simplesmente se lê.


Para saber mais: KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura Teoria e prática. Campinas. Editora Pontes, 1993

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura – Porto Alegre. Artmed, 1998

Estratégias de leitura e o saber do professor

As crianças, antes de aprenderem a ler e escrever, constroem idéias e distinções que parecem estranhas aos nossos olhos alfabetizados.
(M1U6T4)

Podemos dizer que, assim como as hipóteses sobre como se escreve são contribuições das crianças, a distinção entre o que está escrito e o que se pode ler também é resultado do seu aprendizado. A compreensão de que se escreve cada segmento do que se fala, por exemplo, não é passível de transmissão direta nem é, como se pensava, evidente por si mesma. As idéias dos alunos sobre o que está escrito e o que se pode ler evoluem de acordo com as oportunidades de contato com a escrita; portanto, promover variadas situações de leitura em que os alunos participem de forma ativa, ou testemunhem atos de leitura e escrita como parte interessada favorece a aprendizagem, ou seja, quanto maior o grau de letramento do aluno, mais “hipóteses” ela arranjará na hora da leitura, o que não precisa necessariamente para o momento, saber o que está grafado.

Os alunos não alfabetizados não possuem problemas de percepção quando não compreendem o fato de que tudo o que se diz deve estar escrito na mesma ordem da fala.

Para crianças que ainda não avançaram muito em direção a idéia de que tudo o que se lê precisa estar escrito é fundamental que o professor trabalhe vagarosamente com textos de memórias, como por exemplo, as parlendas e músicas conhecidas e, desde que haja um sentido real, trabalhar com listas de palavras. Dessa maneira vão associando uma coisa com a outra, ou seja, conhecendo o que está escrito, resta descobrir como isso foi feito, conseqüentemente o professor avança em seu olhar pesquisador, orientador, mediador, sabendo conduzir as diversas situações para fazer seu aluno aprender.

O professor deveria explorar os conhecimentos prévios que a criança possui sobre a língua escrita e falada quando chega à escola pela primeira vez, já que ambas não começam dentro de uma sala de aula.
Por fim, o que poderíamos chamar de hipóteses de leitura são as soluções que o aluno produz quando solicitado a interpretar um texto escrito por outra pessoa.


Para saber mais: KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura Teoria e prática. Campinas. Editora Pontes, 1993

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura – Porto Alegre. Artmed, 1998

BRASIL, Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP). Letra e Vida. Programa de Professores Alfabetizadores. Módulos 1, 2 e 3. São Paulo, 2007

Pensamento Infantil - A narrativa da criança