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Se a atualização sempre é necessária para todo profissional, é mais ainda no caso dos professores latino-americanos de hoje. (Lerner)

segunda-feira, janeiro 12

Estratégias de leitura

Ler é estar em contato com o outro. Sabemos que há uma diferença entre ver, ouvir e escutar. Ler não é apenas passar os olhos por algo escrito, não é fazer uma versão oral de um escrito e muito menos apenas codificar e decodificar palavras. É antes de tudo construir sentidos para o que se lê e para que isso aconteça, é preciso considerar os conhecimentos prévios do leitor sobre o assunto a ser lido. Ler, mais do que tudo, é questionar o mundo e a si mesmo, é conhecer, interpretar, decifrar.

A leitura é um desafio que tem como objetivo o trabalho de linguagem que leva o aluno a observar, perceber, descobrir e refletir sobre o mundo, a interagir com seu semelhante através do uso funcional de linguagens. A leitura do mundo precede a leitura da palavra. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente, e para que essa leitura aconteça, não podemos esquecer das estratégias – conscientes e inconscientes - que usamos para que ela aconteça e que mostraremos algumas delas.

Quando falamos em estratégias de leitura, estamos nos referindo a atos necessários para realizar uma leitura eficaz. São operações regulares para abordar o texto.
Kleiman (1993) afirma que as estratégias do leitor são operações classificadas em:

· Cognitivas – operações inconscientes, ou seja, o leitor ainda não chegou ao nível consciente realizado para atingir alguns objetivos perante a leitura.

· Metacognitivas – operações realizadas com algum objetivo em mente, com controle do consciente, sendo capazes de explicar nossas ações.
Tem-se na leitura um processo que interage o leitor com o texto, no qual, tenta-se satisfazer os objetivos da leitura, obtendo informações para alcançar alguma finalidade.

A compreensão da leitura é feita mediante a linguagem escrita, pois esta compreensão traz ao leitor suas perspectivas e conhecimentos prévios, permitindo manejar as habilidades de decodificação, tendo assim um planejamento dos objetivos da leitura principalmente quando se trata de ensinar as crianças a lerem e a compreenderem o que é lido. Temos que nos envolver em um processo contínuo de leitura, proporcionando experiências que trazemos em nossa bagagem, pois quanto mais se lê, mais se expressa com clareza e compreende o que é lido.
Aprender a ler e escrever envolve o compreender da natureza do sistema de escrita e isso é um dos desafios que a escola enfrenta, ao fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente e a compreender o que leram, pois isso facilita a autonomia de como agir em sociedade provocando uma desvantagem nas pessoas que ainda não conseguem realizar essa aprendizagem.

Considero que o problema do ensino da leitura na escola não se situa no nível do método, mas na própria conceitualização do que é a leitura, da forma em que é avaliada pelas equipes de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos meios que se arbitram para favorecê-la e, naturalmente, das propostas metodológicas que se adotam para ensiná-la. Sole (1998:33)

Ainda que hoje se saiba que a leitura e a escrita aparecem como objetivos na Educação Fundamental, esperando que os alunos possam ao final dessa etapa ler e compreender textos adequados para a sua idade de forma autônoma e que possam exprimir suas próprias opiniões sobre o que leram, no entanto é essencial que nesse período as crianças aprendam a utilizar a leitura com fins de informação e aprendizagem.

Segundo Kleiman (1993), o leitor, quando aprende a usar de suas estratégias e se torna um leitor proficiente, ele faz escolhas baseando-se em predições apoiadas no conhecimento prévio, para tanto, é necessário que os programas de leitura permita ao aluno entrar em contato com um universo textual (letramento), para que assim, seja atribuído um sentido real à aprendizagem.

Sole (1998), acredita que para uma pessoa se envolver em qualquer atividade de leitura, é necessário que ela sinta que é capaz de ler, de compreender o texto, tanto de forma autônoma, como apoiada em leitores mais experientes. Ela enfatiza a leitura de verdade, aquela que nos torna capazes de, pela motivação, ler, reler e parar para saborear a leitura ou apenas refleti-la. E completa dizendo que o ensino de estratégias de compreensão contribui para dotar os alunos dos recursos necessários para aprender a aprender.

Existem algumas definições que regem essas estratégias. São elas: objetivo da leitura, atualização de conhecimento prévio, previsão, inferência e resumo. Contudo, poderemos verificar que essas definições são passíveis de trocas, e outras estarão presentes antes, durante e depois da leitura. Vejamos em seguida o que acontece quando lemos.

Temos a estratégia de seleção, que permite que o leitor se atenha apenas aos índices úteis, desprezando os irrelevantes. Ao ler, fazemos isso o tempo todo, pois o nosso cérebro sabe o que nos interessa ou não. Já na estratégia de antecipação, tornamos possível prever o que ainda está por vir, com base em informações explícitas e em suposições, antecipando, muitas vezes, o significado das palavras ou texto.

Contamos com a estratégia de inferência que permite captar o que não está dito no texto de forma explícita. A inferência é aquilo que lemos sem que esteja escrito. Podemos dizer que são adivinhações baseadas em pistas dadas pelo próprio texto ou segundo os conhecimentos que o leitor possui. E logo temos a estratégia de verificação que torna possível o controle da validade ou não das demais estratégias, permitindo confirmar, ou não, as especulações realizadas. A partir dessa linha de pensamento, temos uma idéia principal, que é a concepção que o professor tem sobre a leitura, o que ele fará para que seus alunos compreendam a importância da mesma. Para tanto ele, como peça chave, terá que estar motivado para aprender e ensinar os alunos a lerem e, além do que, ter em mente a distinção entre duas situações de leitura: a que se trabalha a leitura e a que simplesmente se lê.


Para saber mais: KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura Teoria e prática. Campinas. Editora Pontes, 1993

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura – Porto Alegre. Artmed, 1998

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