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Se a atualização sempre é necessária para todo profissional, é mais ainda no caso dos professores latino-americanos de hoje. (Lerner)

segunda-feira, janeiro 12

Relação Família e Escola e a tarefa da educação

Tratando da relação entre sociedade – família – escola, na qual ambos têm os mesmos objetivos, que são os de fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem, podemos perceber que várias pesquisas são realizadas e pontos relevantes são levantados para a discussão em torno dessa situação. Dentre elas, o Instituto La Fabricca do Brasil, em conjunto com o Ministério da Educação (MEC), mostrou um desejo explícito por um relacionamento melhor, por uma intimidade maior: 77,2% dos pais acham que um bom relacionamento entre as duas partes é raro, mas 43% gostariam que a escola promovesse mais reuniões, palestras e encontros. Já 77,2% dos professores de instituições públicas consideram insatisfatória a participação dos familiares, mas 99,5% crêem ser de extrema importância um contato mais estreito. Perrenoud (2000:109), conclui:Talvez os historiadores retenham, na história da escola no século XX, um único acontecimento marcante: a irrupção dos pais como parceiros da educação escolar.

Como podemos perceber, não é um problema atual essa relação, a falta de entrosamento de ambas as partes percorre dentro das escolas há séculos. Tal situação nos mostra em linhas gerais os problemas causados por essa deficiência, a briga persiste até hoje, alguns pais culpam as escolas pelo fracasso na aprendizagem dos seus filhos e por sua vez a escola rebate a má estruturação no âmbito familiar.
Se pensarmos nas duas ocasiões, focalizando a aprendizagem do aluno, iremos perceber que o ensino deve ser combinado com o andamento do desenvolvimento da criança, por isso, nessas duas situações, ele é visto como um processo puramente externo.

A tarefa da educação com relação aos processos de aprendizagem consiste em estabelecer em que medida desenvolveram-se na criança aquelas funções, aquele modos de atividade e faculdades intelectuais que são indispensáveis para assimilar certos campos do conhecimento e adquirir certas habilidades. (Vigotsky 2004:466).

Conclui-se então que certas funções devem ser amadurecidas na criança antes que a escola passe a depositar determinados conhecimentos a ela, sendo que os ciclos do desenvolvimento antecedem o da aprendizagem e que este está sempre adiante da aprendizagem, então, para que uma criança se alfabetize, é necessário que as suas funções estejam amadurecidas, atingindo assim certo nível de desenvolvimento.

Segundo Vigotsky (2004), a escola tem por objetivo desenvolver na criança muitas capacidades de pensar e que a aprendizagem junto com o desenvolvimento deve aproveitar todas as funções já amadurecidas que a criança tem consigo, pois só assim a ela se tornará frutífera e possível, porém, a escola não é somente um lugar onde a criança aprende a ler e escrever, mas sim um lugar que ela possa fazer uso da leitura e da escrita, no qual, a mesma se envolva em práticas sociais desse uso. Todavia, é um absurdo e tanto injusto esperar dos professores, virtudes educativas bem maiores do que as da sociedade. Perrenoud (141:2000) completa dizendo que ainda que eles fossem exemplares, não poderiam mascarar o estado do mundo.

O nível de letramento dos grupos sociais está relacionado às suas condições sociais, econômicas e culturais, mas para que esse nível tenha acesso às condições de leitura, é preciso que haja disponibilidade de material impresso e uma compreensão das partes envolvidas. Contudo, é obrigação da escola e talvez a mais importante das obrigações, o ensino da leitura, e esta deve fazê-lo de forma constante para a modificação positiva da criança e da sociedade, já que é nos escritos que desvendamos outras culturas, nos apropriamos da nossa e compreendemos o verdadeiro sentido da diversidade.


Para saber mais: PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre. Artmed, 2000.

VIGOTSKY, Lev S. Psicologia Pedagógica. São Paulo. Martins Fontes, 2004

PARCEIROS na aprendizagem. Revista Nova Escola. Junho/julho 2006. p. 32 – 39

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Pensamento Infantil - A narrativa da criança